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MÁRIO CONTINI JÚNIOR
Nascido e residente no Núcleo Bandeirante, Distrito Federal, Brasil, . Aos 23 anos, em 1986, época da publicação do presente poema, era formando em Letras pelo CEUB, com participação também na Antologia de Cidades Brasileiras, com o poema “Exodo”, promovido pela Ed. Shogum e participante também com menção honrosa no concurso “Núcleo Bandeirante em Prosa e Verso”, com a crônica “Célula Mater”.
POETAS BRASILEIROS DE HOJE 1986. Rio de Janeiro: Shogun Arte, 1’986. 113 p. Capa: Solange Modesto. No. 10 277
Ex. bibl. Antonio, doado gentilmente pelo livreiro Brito.
COTIDIANO
Desde a meia noite,
na sombra do dia,
Viram os ponteiros,
cresce a folia.
Somos os farristas da boca da noite.
Somos primavera do nosso dia-a-dia.
Somos a trincheira que cobre a Romaria.
Somos o receio que marca a covardia.
A lua desaparece,
trocando o lume pelo dia.
Vem o pesadelo,
nos trazendo mordomia.
Somos a fortuna que compra pirataria.
Somos o irmão que vive em fantasia.
Somos pesadelo em plena madrugada.
Somos o aniquilado de uma batucada.
O sol se torna mais forte,
queimando a nossa terra.
A água some na areia,
abrindo uma nova cratera.
Somos a chegada de uma quarta-feira.
Somos o amanhecer de uma primavera.
Somos o dia-a-dia de um mundo em guerras.
Somos a tortura que se firma nas trevas.
As nuvens passeiam no céu,
parando a cada esquina.
Choram no meio da tarde,
nos trazendo melancolia.
Somos o soldado à espera da amada.
Somos comandados por uma jagunçada.
Somos o perdão de uma anistia.
Somos o receio de uma monarquia.
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Página publicada em agosto de 2021
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